A arquitectura instrumento da arte de viajar

Viagens, ou turismo, são dois termos com diversas facetas que conquistaram um lugar incontornável na sociedade em que vivemos. Já não conseguimos equacionar a nossa vida, e a vida contemporânea, sem pensar na próxima viagem, ou como vamos aumentar o negócio da actividade turística, consoante a posição em que cada um está.

Sempre que planeamos uma nova viagem, em lazer, ou em negócios, seleccionamos um hotel, um resort, ou outro tipo de alojamento, com os espaços onde seja possível encontrar as actividades, satisfazer emoções, viver experiências, usufruir de serviços, que achamos que são importantes para preencher os nossos desejos e necessidades para a nossa viagem ao local selecionado.

Existem diversos tipos de estabelecimentos hoteleiros, que respondem a diferentes tipos de mercados, ou de perfil de viajante, quer para viagens de negócios, viagens de lazer, hotéis económicos ou de luxo, hotéis para convenções, resorts para descansar, com modalidades allinclusive ou budget.

No desenvolvimento dos projectos turísticos temos que contemplar as mais diversas soluções conceptuais, estéticas e técnicas, de modo a proporcionar o maior conforto possível aos viajantes, seja conforto de bem-estar, térmico, qualidade do ar, de serviço, de desenho de quartos, com camas confortáveis e boas casas de banho, serviço de bar e de restauração, variado e de qualidade, bem como as ofertas de amenities que cada mercado procura.

A arquitectura é a arte que desenha e compõe os espaços onde tudo acontece, integrando todas as disciplinas artísticas e técnicas, para que esses projectos se tornem realidade e sejam unidades turísticas que respondem ao nível de oferta pretendida para responder ao mercado. Este factor é muito importante, quer para a qualificação da oferta e crescimento do destino, quer para os empresários do sector, que pretendem sempre que os quartos sejam ocupados, todos os dias se possível, que os demais serviços sejam apreciados, e muito utilizados, e que o viajante fique muito, mas muito, satisfeito, que volte e que recomende o local onde esteve muito confortavelmente.

O tipo, e o perfil, dos viajantes, é muito variado, mas todos procuram a satisfação dos seus sonhos, desejos e necessidades, em lazer, descanso, reuniões de negócios, atividades desportivas, ou qualquer outro motivo que suscitou a sua viagem. Esta diversidade, implica uma grande individualização no desenho dos espaços de modo a responder a cada mercado em específico.

O principal objectivo é que cada viajante se sinta bem, se identifique com o hotel, ou o resort, onde se instala, se relacione naturalmente com os edifícios e as áreas exteriores, como se estivesse em casa. O que se pretende é que o viajante que parte à descoberta de um destino, se identifique com o espaço que o acolhe e se sinta bem com o ambiente, que tudo lhe pareça familiar, com grande conforto e que responda a todos os seus requisitos.

O viajante procura conhecer um novo destino e o espaço de acolhimento tem que proporcionar uma forte ligação com o ambiente visitado, como se tudo fosse natural.

Para proporcionar esta fusão, a arquitectura tem que despertar todos os sentidos de cada um de nós por intermédio dos diferentes ambientes construídos e dos espaços ao ar livre. Uma combinação harmoniosa e consistente, entre arquitectura, interior design, paisagismo, e o serviço que aí será proporcionado, vai permitir que o viajante tenha uma experiência única, num ambiente confortável, e que o faça desejar voltar.

A viagem, e a experiência do viajante, também são o resultado da activação de todos os sentidos nos espaços onde se instalou e viveu durante a jornada.

Estes projectos implicam uma atenção especial à utilização de texturas, cores, sons, das composições de arquitectura, aos aromas dos jardins, e paladares da restauração, de modo a alcançar a sua perfeita interligação, proporcionando um roteiro seguro para a criação de memória, memória de um lugar excepcional, aprazível, confortável, para onde se quer, seguramente, voltar.

A memória da viagem criará uma forte ligação com o espaço onde estivemos e uma potencial identidade com o lugar visitado. Esta relação está muito fundada na qualidade do espaço arquitectónico desenhado, que foi envolvido por uma composição paisagística integrada e por um Interior Design que gerou o conforto para a estadia. Tudo, em conjunto, constitui a plataforma física que proporciona o acontecimento dessa ligação à viagem.

O espaço arquitectónico assume-se como elemento central na construção deste ambiente de vida temporário, que tem que assegurar as condições geométricas e sensoriais, para que tudo seja natural e confortável.

A arquitectura pode, neste contexto, ser vista como um instrumento de criação da arte de viajar.