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Notas em torno da relação Interior/Exterior, na Arquitectura e na Cidade

Por Alexandre Marques Pereira, Senior Partner S+A

"Somente alguém bem preparado tem a oportunidade de improvisar."

Ingmar Bergman

Dos Templos e Túmulos no Vale dos Reis e das Rainhas no Antigo Egipto, aos Templos e às Ágoras das Cidades Estado da Grécia Clássica, aos Fóruns e Praças das cidades do Império Romano, ou, das cidades Renascentistas algures um pouco por toda a península Itálica, as suas diversas arquitecturas, mais ou menos públicas, mais ou menos religiosas, domésticas ou militares e de diversas escalas, essas arquitecturas que conformavam essas cidades ou lugares na paisagem, estavam todas elas, quase sempre, repletas de Arcadas, Colunatas, Alpendres, Pórticos, Varandas, Peristilos, espaços mais ou menos Hipostilos, assentes nas suas novas topografias, formadas por muros, escadas, plataformas e terraços.

Todos esses espaços, com tecto ou sem tecto, que estavam e estão, há procura de uma qualquer relação entre o dentro e o fora, com os seus espaços abertos ao exterior e ao interior, espaços de sol e sombra, espaços que materializavam desde sempre e nas diversas culturas a essência da Arquitectura e da Cidade, procuram a criação de uma envolvente física, para albergar as diferentes formas de habitar, com as múltiplas possibilidades de estar e usar, seja os espaços interiores, seja os exteriores e os vários outros algures no meio, todos eles sempre como forma de buscar um lugar de abrigo e de conforto, e as suas múltiplas possibilidades, assim como um específico valor e significado simbólico, espiritual e artístico, logo cultural.

Também, isto foi o que as outras diversas formas artísticas, mais revelaram nas suas diversas narrativas em torno da arquitectura, seja a pintura, a literatura, ou o cinema, entre outras, foi isto que os pintores tão marcadamente procuram desde os primeiros renascentistas como FraAngélico ou Giotto, com as suas figurações dos vários temas religiosos ou outros, como as Anunciações e os seus cenários algures entre os Pórticos e as paisagens próximas ou distantes, até aos impressionistas, passando pelos românticos, entre tantos outros.

Assim como também foi isto, que grande parte do cinema, nos mostrou e revelou, como Visconti no “Senso” nas cenas passadas na Villa Godi de Palladio, ou no “Leopardo” e no belo terraço da casa do Príncipe de Salinas, como Tarkovsky no “Espelho” e nas suas únicas e poéticas cenas entre o dentro e o fora, ou Jean Renoir no “Rio Sagrado” e nas suas belas partes passadas em torno do magnifico alpendre na casa da família, sobre o jardim e o rio, ou, como Kubrick nos múltiplos trechos de “Barry Lyndon”, quase todos em torno de uma janela, um terraço, um jardim ou uma qualquer paisagem, ou o mestre japonês Yasujiro Ozu com a sua câmara a 50 cm do chão e a sua lente de 50mm, nos fluidos espaços domésticos nas casas e exteriores, ou, a rica e única visão entre a cultura Indiana e a cultura Ocidental, das inúmeras obras-primas do mestre indiano Satyajit Ray, e por ai em diante.

E de facto, a condição co-natural à arte e à arquitectura moderna, advém hoje como ontem, de se inspirar e refrescar noutras culturas, noutros tempos e modos de entender a vida e a arte, foi assim com Frank Loyd Wrigth, foi assim com Mies Van der Rohe, com Breuer, com a Bauhaus, com Aalto, com Neutra, e com quase todos os arquitectos que marcaram para sempre a cultura arquitectónica contemporânea.

Também, naturalmente foi assim, no que toca às questões em torno da relação interior-exterior e das suas diversas novas possibilidades, se não fosse a admiração de tantos dos primeiros modernos, como Wright, Bruno Taut e tantos outros, pela arquitectura tradicional japonesa e em particular por uma das mais sublimes obras de arquitectura de sempre, a Vila Imperial de Katsura e os seus jardins em Kyoto, não existiriam as casas da pradaria de Wright, nem a Casa da Cascata, nem a Villa Marea de Alvar Aalto, nem as inúmeras casas de Rudolph Shindler, ou os vários exemplos notáveis do habitar entre o dentro e o fora que Richard Neutra desenhou, como ninguém durante várias décadas, onde o dentro e o fora constituem-se como um todo e um contínuo.

Na realidade, o que a arquitectura moderna, trouxe em definitivo para o nosso mundo, foram diversas sínteses, entre o passado da arquitectura ocidental e as outras culturas, onde tudo se juntou em novos modos, adaptados à vida dos nossos tempos. Na realidade e neste essencial assunto da relação entre o dentro e o fora, a arquitectura moderna, através dos seus diversos autores, misturou os Pórticos, as Stoas, os Claustros, os Pátios, as Arcadas, as Ágoras e Fóruns do passado ocidental, com o conceito do “Engawa” e a fluidez da arquitectura tradicional japonesa, assim como a sua relação com os seus belos jardins, assim como com as cidades, as arquitecturas brancas, os terraços e jardins árabes, ou com a radical arquitectura do antigo Egipto, para, a partir dessas múltiplas misturas, criar um novo mundo de novas possibilidades, que ainda tem um longo caminho à sua frente.

Nestes últimos tempos em que vivemos, nesta nova época pós-pandémica que se avizinha, nesta época em que pela força das circunstâncias, a questão da relação interior-exterior na arquitectura e na cidade, renasceu como um “novo assunto” para todos, arquitectos ou não, será um momento único, para relembrar os bons exemplos do passado mais ou menos recente, e acima de tudo ver a coisa num sentido global e profundo, e não ficar superficialmente pelas varandas e terraços.

Pois a relação interior-exterior, é hoje como sempre foi, um assunto muito mais amplo, do que varandas, terraços ou jardins, é acima de tudo um modo de entender o habitar e a vivência das arquitecturas e das cidades. Habitar no senso alargado, habitar os espaços da educação, os espaços da cultura, do trabalho, do lazer, do comércio, dos equipamentos de saúde, ou o que seja, das residências de estudantes, dos hotéis, dos parques, dos jardins, das ruas, das praças, dos largos. Seja à noite, de manhã, ao nascer ou ao pôr-do-sol, pelas crianças, pelos mais velhos e assim como todos os outros pelo meio, todos esses que somos todos nós, que somos todos diferentes, e que usamos os espaços (interiores ou exteriores), de modos bem diferentes, com tempos e modos múltiplos, daí que, as nossas respostas desenhadas enquanto arquitectos, terão de albergar, através do desenho e das suas formas, todas essas múltiplas possibilidades e todas as outras possíveis e impossíveis, de dentro para fora, de fora para dentro, muito para além de uma imagem, de dois espelhos da mesma realidade.

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